quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Charles Chaplin (ou Obrigado Diogo)

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo,até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade.
Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando....E termina tudo com um óptimo orgasmo!!!


Ontem assisti O Grande Ditador... foi o primeiro do Chaplin que vi... uma lição de cinema... pena eu ter quebrado esse preconceito de não dar bola ao Carlitos só por ser tão cultuado... perdi muito tempo longe dele... quero ver toda sua obra... saber mais do mito...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mão atadas

A pior prisão que alguém pode me causar é a sentimental, seja ela qual for (já falai aqui das minhas visões sobre amor e paixão) mas talvez a que mais me indigna é a do ciúme que...

"...dói nos cotovelos, na raiz dos cabelos, gela a sola dos pés... dói da flor da pele ao pó do osso, rói do cóccix até o pescoço... você ama o inimigo e se torna inimigo do amor...Caetano Veloso"

Porque pra mim o ciúme é uma prova de desconfiança antes de ser uma insegurança boba e esse sentimento não combina com amor, carinho, amizade e respeito. Me faz questionar se de facto é preferível ser autentico ou fingir ter a moral de um padre da opus dei quando na verdade eu posso até estar a olhar em volta mas seria incapaz de investir na mulher do próximo com a minha ali tão próxima. Eu já demonstrei que não sou bobo a esse ponto, não é de hoje que estou na vida.
Qualquer um dos meus amigos me deixa com o estômago embrulhado quando cobra que dou mais atenção a A, B ou C, que vivo no cinema com D ou que só vou a balada com E e F. Muitos já perderam minha amizade por cobrar momentos e sentimentos que jamais posso oferece-los a quem não "merece" porque amigos são mesmo como as letras que usei para exemplificados, cada um é singular, cada um é um elemento ímpar na construção de uma palavra chamada Jaime.
Talvez haja uma pessoa, ou duas que podem me cobrar ciúmes e por serem de facto insubstituíveis, intransponíveis e intocáveis na minha alma, Edjane Aragão da Rocha (a que me pariu) e Epaminondas Aragão da Rocha (o que saiu da mesma barriga que eu e que faz hoje 20 anos) o mais são pessoas que me complementam, cada uma no seu tamanho e no seu espaço.

Meu pior defeito ou minha maior virtude é até não saber para onde vou mas ter a certeza que faço o caminho sozinho.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sozinho em casa esqueceram de mim

Tá chovendo, o vento batendo forte nas janelas e na porta da área de serviço do apartamento me fizeram levantar da cadeira e ir até a cozinha pra ver o que se passava, a porta do frigorífico estava aberta...
...é óbvio que só pode ter sido eu a deixa-la aberta, porém a casa escura, o vento soprando e tudo mais me trouxe um medo infantil de:
  • ascender todas as luzes
  • ir a todos os cómodos da casa
  • olhar em baixo das camas
  • apagar de novo todas a luzes
  • fechar todas as portas e trancar bem a porta de saída

Tudo isso com o coração na boca...juro que se não consegui apagar a luz antes de dormir eu pego no telefone e conto tudo pra minha mãe...

domingo, 26 de outubro de 2008

Achei mas estava errado!

Na verdade não é nem do Veríssimo nem do Jabor.

A IMPONTUALIDADE DO AMOR é na verdade de Martha Medeiros
desculpem a ignorância.

A vontade própria do coração ou A impontualidade do amor




Acho que é o Veríssimo ou o Jabor que tem uma crónica chamada " A impotualidade do amor" mas remeto esse título a uma coisa mais parecida com a musica "Flor da idade" do Chico e que diz:


"Carlos amava Dora, que amava Lia, que amava Léa,que amava Dora, que amava Rita, que amava Dito,que amava Rita, que amava Dito, que amava Rita, que amava Carlos amava Dora, que amava Pedro, que amava tanto,que amava a filha, que amava Carlos, que amava Dora, que amava toda quadrilha"


No meio dessas cadeias, encontros e desencontros do coração eu fico a imaginar se o mundo não seria mais bonito se pudéssemos mandar nos sentimentos, que não sofrêssemos decepções pelas escolhas mal feitas que nosso peito faz com vontade própria e equivocada como um miúdo de 17 anos que só descobre a merda que fez quando isso vem a tona em forma de problema.


Assim é o coração.


Agente espera que o amor venha de forma romanceada, as mulheres falam que homem é tudo igual e continuam a espera do príncipe encantado e no entanto só andam por brejos escuros e só simpatizam com sapos. Os homens de forma desconcertadas procuram princesas mudas ou objectos que vestem saias e os verdadeiros príncipes são quase todos mudos e não falam as coisas lindas que sentem e os que falam perderam o tacto. Eu gostaria de saber quem foi que criou as mitologias, queria perguntar porque o cúpido é um anjo infantil e pelos vistos estrábico. Ou ir directamente a Deus e perguntar o porque dele ter criado um sentimento tão confuso e esdrúxulo com o qual a vida é angustiante se o temos e pior se não o temos. O porque do frio na barriga, os porquês dos "ses", "se nãos", "poréns" e sobretudo dos medos. Se o amor é essa coisa tão maravilhosa que faz um mundo amanhecer mais colorido, que faz a chuva ser tão gostosa dentro de casa, que faz com que nossa alma fique tranquila, cheia de paz e alegria porque nos causa tanto sofrimento?

Porque que o amor não é uma ciência exacta?


Eu não falo isso apenas pelo prisma de um relacionamento, falo do amor que temos por tudo aquilo que nos apodera o coração... parece coisa do destino mas tudo que nos dá imenso prazer vai sempre se desviando do nosso caminho. Se amamos o teatro ele não consegue ser o eixo das nossas vidas, se adoramos um amigo ele vive em outro universo e sua nave não chega a atmosfera, se você esta apaixonado você não consegue viver sem o alvo, se o amor é de mãe ela não pode viver as 24 horas do dia a o proteger...


O amor é egoísta, como é egoísmo meu achar que o simplifico mas prefiro acreditar que deve haver um jeito de sentir esse troço sem se arranhar nas pétalas das rosas que ele nos oferece ou talvez acreditar que somos nós que não sabemos o dominar. Porque se assim fosse as manhãs explodiriam em multi cores.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Recarregando

Hoje foi os anos da Mafalda, minha vizinha-amiga-musa. Sua mãe a Tia Cristina, mandou-me uma sms a convidar para o jantar...
Há quase 5 anos que não vivia uma cena como a de hoje. Um jantar em família. Com direito a avós, tios e primos. Eu parecia um puto a ir a casa da namorada pela primeira vez, nervoso e inseguro pela sensação de estar numa situação a qual não tinha lembrança fazia tempo.
Foi tão bom, estar numa casa que por si só já exalava costumes e valores, as fotos no móvel da sala, as senhoras no sofá, as crianças no chão da sala e os homens a falar de novas tecnologias e talvez futebol. As paredes que presenciaram os outros 23 aniversários dela e a sensação boa que a felicidade dela deixava fluir.

Cada dia mais eu percebo que sem esses pequenos valores não conseguimos ir muito longe. Nossa casa é o carregador da bateria da nossa alma.

Até de baixo d'água


O Chicão é sem dúvida um dos melhores acidentes que me aconteceu em Portugal

Pela sua imprevisibilidade

É como ele mesmo diz as vezes

É um irmão mais velho e nossa relação talvez funcione por não termos vivido a infância juntos nem termos sido gerados pela mesma mãe, nos tornamos irmãos ou amigos de infância ais 20 e poucos anos.

Puxa minha orelha, faz piadas, refila, faz a linha "faz o que digo, não faz o que faço" e é carinhoso.

Ontem não sei se ele percebeu mas fez com que um bocado da tristeza que sentia fosse embora por conta de suas brincadeiras.

Ele vive a me tentar fazer ir dormir mais cedo, por conta do meu trabalho e por esta sempre a me queixar de estar cansado.

Ontem entra no quarto com o tom de voz de um pai e me obriga a desligar o computador, não controlei a crise de risos e quando dei por mim ele já tinha me feito deitar, ainda me cobriu, desligou a luz e voltou minutos depois para ver se eu havia voltado para Internet.

Fui dormir a pensar que ainda bem que temos amigos que mesmo sem perceber a importância que teem nos diminui as tristezas...

Mas ele não sería o Chicão meu irmão mais velho imprevisível se antes de sair do quarto depois de ter me posto pra dormir não soltasse um peido valente e sonoro para me fazer rir mais ainda.


No fundo nem as flatulências dele me chateiam hoje em dia...

É bom ter a sensação que o tenho como um grande amigo...

... até de baixo d'água. (sem bolhinhas)

domingo, 19 de outubro de 2008

Usando um poeta pra falar

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

Luís de Camões

sábado, 18 de outubro de 2008

Pela Estrada

A pior saudade é a antecipada, é aquela que começa antes mesmo da ausência da pessoa e neste caso especifico das pessoas. Quando se é actor, o ultimo espectáculo da temporada é o ponto de partida para um período de ressaca que desidrata nosso coração como o álcool desidrata o fígado de um alcoólico. Quando nos envolvemos apenas na produção, é a estreia que nos trás a rebordosa, mais forte por não ser álcool. "Navalha" foi em 17 dias para mim, a casa, a comida e o tempo. E nessa casa, eu tinha uma família, algumas refeições regadas a grandes conversas mas sobretudo estava na minha espécie de "lar, doce lar" e que de forma muito especial me trouxe alguns presentes. Sem dúvida saio mais rico em afectos, bagagens e ideias. Quero projectar no futuro todos os pensamentos que criei nesse "processo"...
...O que dói mesmo é o vazio que os próximos dias me trará, a falta, a ausência de tudo o que existiu de tão intenso...eu preciso de mais chá, eu adoraria continuar o "processo", acho que me apaixonei pelo "processo", pela amizade deles, pelas coisas que trocamos, pelos bules que esvaziamos, pelo resultado que conseguimos e por todos os sentimentos que nos proporcionamos.

domingo, 5 de outubro de 2008

esgotando o delírio

"O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda."

sábado, 4 de outubro de 2008

Cara Mafalda! Ou... Querida Psicóloga!

Você em nossas conversas as terças me fala para expressar de facto meus sentimentos, estou a tentar a cada dia trabalhar em mim o deixar essa coisa do fazer tudo para agradar todo mundo e ter sempre amigos por perto mesmo não resultando como eu queria. Já escrevi a todos os meus amigos do Brasil a tentar uma reaproximação e apagar esse tempo em que fiquei sem dar notícias e escrever emails melosos. Aqui em Portugal já disse alguns "nãos", priorizei o que de facto é importante para meu desenvolvimento, tracei metas e objectivos precisos para alcançar o que de facto desejo MAS...
Como lidar com esse bichinho chamado "medo de magoar"?
Hoje mesmo queria que as circunstancias fossem outras, que as coisas acontecessem de forma diferente MAS...
Como me Expressar para as pessoas de forma mais clara?
De que forma eu ponho pra fora o Jaime que se sente mais pleno quando sai da discoteca e desse a pé pelas avenidas a procura de concentração e que precisa desses momento como precisa do teatro pra respirar? MAS...
Continuo a espera que as pessoas entendam minha cabeça, meu mundo e meus sentimentos se o que a senhora deveria primeiro me ensinar era a forma de abrir a boca e falar tudo que sinto.
Acho que estou querendo me fechar em copas mais uma vez. Pintar o cabelo de vermelho novamente ou rapar a cabeça toda pra tentar fugir do agora.
Esses "MAS" trazem em si um peso que as tantas não sei se consigo segurar, queria que a coisa acontecesse mais leve, de formar mais calma.
Tenho medo de, surtar de uma hora para outra e fazer no impulso uma limpeza geral no coração e acabar por varrer quase tudo que apenas serve para alimentar os Jaimes que fui criando e cujo o Jaime que anda sozinho pelas ruas não sente a mínima falta.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Novos Ares


Quando António Terra me chamou para dar uma força na sua versão desse espectáculo, não duvidei . Estar envolvido numa produção sempre teve em mim o efeito de umas boas férias, é como se eu viajasse ao verdadeiro universo que me faz pleno e lá tudo que acontece é um barato. Com o "navalha" não tem sido diferente, embarquei numa estação por Algés com o texto na mão a fazer de bilhete e comecei a parar em sítios interessantes da noite e sem a intenção de festejar mas de farejar, encontrar coisas e signos para que os actores e as tantas até eu pudesse usar. A viagem na verdade só agora começou mas já me trás uma sensação de ter começado a muitos dias, já respiro o momento como se esse novo ar já tivesse sido soprado a mais tempo.
Mas o melhor das viagens são os passageiros que nos fazem companhia a onda e sintonia dos actores é uma maravilha. Diogo tem atenção ao que se diz, busca o equilíbrio para cena, faz sempre a piada no momento errado e mesmo assim nos faz rir, Tiago me deu uma grande lição com a coragem que está a ter ao encarar uma personagem tão forte e ainda tem tempo de brincar, Cláudia mas uma vez afasta em mim um preconceito que já havia perdido com a Valéria ao me provar que quem faz televisão não é assim tão snobe e me desconcerta ao me mostrar uma personagem cheia de força quando se mostra tão meiga e delicada.
Só por essa energia eu garanto que é um espectáculo propenso a funcionar e tenho certeza que muitos dos que forem ver vão sem duvida "viajar".
PS. Claudinha! O jantar estava uma beleza, menos o sumo... mas o melhor desta tarde foi perceber muita coisa em comum contigo...