sábado, 29 de novembro de 2008

Poema em linha reta

Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)
[538]Nunca conheci quem tivesse levado porrada.T
odos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Duas noites... Duas garrafas de vinho...

Como fosse um par
Que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não, e porque não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim
Seu colo e como se não fosse o tempo
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins

Como se fosse um lar
Seu corpo a valsa triste iluminava
E a noite caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada iluminavam
A fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins

grande mísica do Oswaldo que teima em não sair da minha cabeça.

sábado, 15 de novembro de 2008

Fravo Saudade

Eu tinha 10 minutos pra fumar um cigarro antes de trabalhar mas uma sensação me fez preferir postar o que estava sentindo...
Sábado de sol agradável e fui estender roupas no terraço do prédio e uma imagem de Lisboa muito boa, uma energia do caralho...
Entrei "prum" banho daqueles de cantar horas de baixo da agua e quando saí do chuveiro e fui ate a sala, já era quase noite (bendito outono/iverno). O lusco-fusco sempre me deu um prazer singular...

...lembrei do tempo e do entardecer de Recife, o tanto de coisas boas que eu vivi a essa hora e a inevitável saudade do Carnaval, e de Capiba que canta o que quero viver...

"Voltei Recife
Capiba
Composição: Luís Bandeira



Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo

Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "pás", os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguez do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé"

domingo, 9 de novembro de 2008

Mais uma dose? Não sei se estou afim.

A sensação de solidão é para muitos triste e melancólica, eu tenho vivido a uma semana minha redescoberta de tantas situações que me fazem estranhamente feliz, calmo e sereno.
Na sexta findava um período abstémio de 42 dias que óbvio esta a ser aguardado por mim e por vários, estranhamente não tinha se quer criado expectativas para. O facto é que pra variar o movimento foi tomando proporções de forma a que no meio da reunião em que estava rolasse uns copos de vinho e mal a reunião acabou, caí na noite como a meses atrás... solteiro e seco(por cerveja, claro)...
Acontece que acho que perdi o ritmo, ou a pedalada. Neste ultimo mês e meio conheci outros bares e acabei por me divertir a mesmo e sexta me vi preso a um programa que devo ter repetido vários finais de semana com a falsa euforia de um alegria forçada, como uma espécie de ejaculação não provocada por um orgasmo mas por uma masturbação mecânica feita com o único objectivo de aliviar as dores escrotais...
Cheguei a essa conclusão do meio da pista de dança, no meio da noite e com os meus amigos da balada no meio da celebração que, meu lugar era em casa. Minha primeira reacção foi sair a francesa, não queria passar pela situação das perguntas: "mas porque? Não tás a gostar? queres ir a outro lado?" Ou ainda: "Fica mais um pouco! não vai agora! só mais uma musica e vamos todos".
Arrisquei, disse: "Tchau" a primeira vez, dancei mais uma música porém acabei por sair o mais rápido que consegui, andei por algumas ruas sozinho a sentir o vento frio a bater no rosto antes de pegar um táxi pra casa e deitei feliz e com a sensação que minha paixão pelas festa tá a cada dia mais a se transformar num amor decorrente a paixão e que merece o respeito de uma amada... para as ocasiões certas e nas proporções que um namoro pede...
...mais 42 dias sem álcool?... porque é que agente é assim?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama

O que faço depois do verbo?
Te sofro a ferida?
Te ligo em seguida?
Ou deixo tudo em aberto?

Permito a alma respirar por instantes
verbalizar se mostrou um avanço
fecho o meu peito e descanso
digo adeus aos meus "eus" inconstantes

Eu não paro
Receio
Alheio
Sono seria raro

A leveza que trouxe a fala
Dói Fragiliza
Foi sentida
Só que agora cala

Quero a paz esquecida
Já não sei o próximo passo
Deixo quieto ou aperto o laço ?
O que é que faço em seguida?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Daqui a 5 minutos...

O problema não é o que vou fazer, é como vou fazer.
Daqui a 5 minutos o telefone me avisará por uma sms que alguém lá em baixo me espera para uma conversa.
Tenho que ser homem sem "zinho" no final que estou crescido demais para me por em diminutivos.