sábado, 13 de dezembro de 2008

Meus oito anos

.
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
.
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
.
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
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Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
.
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
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Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
.
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Casimiro de Abreu

domingo, 7 de dezembro de 2008

O que sobrou do céu

Tudo continua no mesmo estado que outrora, a mesma sede e o mesmo estranho sentimento, a incontrolável forma de achar que tudo anda muito cheio de 9 horas e que não existe perspectiva de mudança nos ventos que por outrora não eram sentidos. Uma coisa em forma de bola esta alojada em meu estômago e é fria e nauseante. mesmo com medo do escuro não levanto para ligar a luzes mas permaneço acordado a espera que o sol entre pela casa.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Detalhe

Hoje faz 5 anos que não vejo minha mãe,
Amanhã faz 5 que cheguei a Lisboa,
Próxima parada: Nostalgia.

QI de Abelha

Ontem por mais que meu peito tenha doído, foi sem duvida um dia muito importante para mim. Mafalda, sempre ela que que nestes ultimos meses tem mostrado um pouco do que eu sou para mim mesmo. A mistura dos acontecimentos, as pessoas, o fim-de-semana intenso e um jantar despreocupado na terça e 5 anos longe de casa trouxeram a tona ontem, no sofá da minha terapia uma avalanche de lagrimas. As lagrimas que ninguem me ver deitar pelas faces. Nem mesmo eu. Ontem chegamos a conclusão que eu não aceito a entrega, que não consigo me mostrar pleno e a 100% a ninguem (nem a mim mesmo), que estou sempre a postos a ajudar, aconcelhar, abraçar e dar carinho e afecto mais que ão permito que ninguem me dê de volta esses sentimentos. Medo de incomodar? Orgulho? O que me levou a essa bolha de vidro que entrei faz anos e cujo meu verdadeiro eu também foi posto de lado?

Eu tenho a nececidade de um carinho, um abraço amigo, uma palavra e um beijo. Me sinto absolutamente sozinho, e talvez todos aqueles a quem chamo amigo estariam comigo a qualquer momento bastava eu falar que queria que nesta tarde fria em que não fui trabalhar por conta dessa amigdalite que teima em não passar as vesperas do inicio das filmagens mas, não tenho voz para chamar quem quer que seja aqui em minha sala.

É sempre mais fácil vestir a pele do forte, e talvez quem quer que leia esse post e depois tente puxar o assunto vai perceber que não vou querer falar, talvez esse post não vire post.

Depois da terapia cheguei em casa com uma sede de organizar coisas, exorcizei a sala do jantar da terça, descobri a cozinha em meio a toda louça, encontrei minha cama no meio do quarto e ainda tive tempo de passar a limpo as anotações do ano que vem. Talvez na tentativa de fazer valer as coisas que senti e que de certa forma ontem fez o clique que precisam ser vividas e acima de tudo demonstradas.

KID Abelha pode ser pop banal mas tem as duas musicas que descrevem essa tarde na Av. do Brasil para um menino que acaba de se descobrir ainda no processo adolescente de amadurecimento.

Nada sei (apnéia)
e
Lágrimas e chuva

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Amigdalite

É oco
Não tem tamanho
É pouco
Não é estranho

Sou eu sem factos banais
Perdido no meio da madrugada
Longe demais das capitais
Aguardando alguma chegada

A chuva que não para
Esse frio que só aumenta
essa inverno que não sara
minha alma não se aguenta

Não há vinho nem poesia
Só o sexo falso sem emoção
Não há amor sem Utopia
Um mundo oco e sem paixão