terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O mundo tá muito gripado.


Alguém está com medo?

Alguma vez vocês viram tanta coisa acontecer ao mesmo tempo? Eu parei de pensar. Tenho medo de usar essa desculpa para fazer tudo com a impulsividade que me é peculiar mas quem fala o contrario? É chuva a mais, tempestades, seca ou neve, terremoto...
Hoje ao acordar mal abri as janelas por conta do sol tão forte que fazia (minha relação com a luz é falsa) ao passar pela sala ele brilhava, desci o elevador e ao chegar a rua parecia ter entrado em outro dia, como é que o céu se encheu de nuvens cinzentas na distancia do quarto andar ao Rés de chão? O caminho que faço todas as manhãs hoje foi feito mais lento por conta do temporal composto de chuva grossa e pedras de gelo. Quem há de negar?

Meu amor
O que você faria
Se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia

Meu amor
O que você faria
Se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Corria pr'um shooping center
Ou para uma academia?
Prá se esquecer que não dá tempo
O tempo que já se perdia
Meu amor

O que você faria
Se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Andava pelado na chuva?
Corria no meio da rua?
Entrava de roupa no mar?
Trepava sem camisinha?

Meu amor
O que você faria?
O que você faria?
Abria a porta do hospício?
Travanca da delegacia?
Dinamitava o meu carro
Parava o tráfego e ria?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Chico


Quando Luiz de Lima Navarro ligou para dar-me a notícia, aqui em Lisboa já eram 17 horas de um raro dia de sol nesse inverno tão rigoroso que tem feito esse último. Jamais pude imaginar que minha ligação com Chico fosse tão mais forte quanto imaginava nos tempos em que todas as minhas últimas noites no Brasil passei boa parte em sua casa entre conversas e receitas deliciosas, entre uma discussão sobre teatro ou em teorías sobres a música brasileira. Era bem mais que isso. No sétimo andar de um prédio numa avenida chamada Roma (uma das cidades que ele mais amou) recordei uma serie de momentos que vivi sentado nos bancos da Praça Theo Silva. Chico foi uma peça fundamental na construção da minha personalidade. Devo a ele quase todo o conhecimento musical que tenho, ele é responsável por uma parte significativa da minha sensibilidade cultural. Possuíamos muitas coisas em comum e uma das mais latentes era a admiração por Elis e foi dessa forma que amansei meu espírito, a ouvir todas as músicas que tantas vezes deixei de ouvir a voz da cantora e só conseguir ouvir a dele, aguda, alta e acompanhada de gestos e seguida por outras e outras tantas canções. Sei da calma e do sossego que ele tem agora, ele apenas merecia lugares onde a beleza do seu olhar pudesse ser absorvido pelas paisagens. Isso sei que deve ser o que estará a acontecer onde quer que ele esteja pois o mundo ontem amanheceu mais podre, morreu uma das pessoas mais extraordinária que já conheci um dia. Hoje eu sei que quem me deu a ideia de uma nova consciência e juventude, tá em casa, guardado por Deus.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dia de sol e banho de mar na Península...



Canto Ao Pescador

Jogou sua rede
Oh, pescador!
Se encantou com a beleza
Desse lindo mar
Dois de fevereiro
É dia de Iemanjá
Levo-te oferendas
Para lhe ofertar
E sem idolatria
Olodum seguirá
Como dizia Caymmi
Insigne o homem cantando a encantar

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer

Sei que o mar da história é agitado
E o Olodum a onda que virá
Em forma de dilúvio vem me despertar, amor
Em forma de dilúvio vem exterminar

Com seqüelas racistas
E trazendo ideais de amor e paz
Oloxum, Inaê, Janaína
Mara, Mara, Mara, Marabô, Caiala
Sobá

Viaja, ê
Se baila
Me leva, Olodum, em tua onda
Que eu quero ir (viajar)

Olodum, navio negreiro
Atracou em Salvador

Trouxe a música emitindo ideais da negra cor
E hoje exalta o mar, condutor da embarcação
E hoje exalta o mar, condutor da embarcação

Viaja, ê
Se baila
Me leva, Olodum, em tua onda
Que eu quero ir (pro mar)

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer

Se Deus quiser
Quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

(e as flores eu levei)