quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cabide

Composição: Ana Carolina
E se eu fingir e sair por ai na noitada
Me acabando de rir
E se eu disser que não digo, e não ligo, e que fico
E que só vou aprontar
É que eu sambo direitinho, assim bem miudinho,
Cê não sabe acompanhar
Vou arrancar sua saia e pôr no meu cabide só pra pendurar
Quero ver se você tem atitude
E se vai encarar

E se eu sumir dos lugares, dos bares, esquinas
E ninguém me encontrar
E se me virem sambando até de madrugada
E você for até lá
É que eu mando direitinho assim bem miudinho,
Sei que você vai gostar
Vou arrancar sua blusa e pôr no meu cabide só pra pendurar
Quero ver se você tem atitude e se vai me encarar

Chega de fazer fumaça, de contar vantagem
Quero ver chegar junto pra me juntar
Me fazer sentir mais viva
Me apertar o corpo e a alma
Me fazendo suar
Quero beijos sem tréguas
Quero sete mil léguas sem descansar
Quero ver se você tem atitude e se vai me encarar.
Quero ver se você tem atitude e se vai me encarar.
Quero ver se você tem atitude e se vai me encarar.

(procurei essa musica dois anos)

Aí ele me sai com essa:



No rádio começa a tocar uma Kizomba e alguém ataca:

- Cê gosta de Kizomba Caetano?

Ele nem titubeia:

Odeeeeeeeeeeeeeeeeeio Folclore! 


Ps. etiquetinha nova no blog!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cristiane é como vinho!

Hoje a zapear na tv vi a Cristiane Torloni 
na novela da Caminho das Índias da 
repetitiva Glória Perez.A mulher da cada 
dia mais bonita,quanto mais velha fica mais
generoso é o tempo com ela.




segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vinte e poucos anos...

1987/1988 Ou 1989

Eu devia ter uns quatro ou cinco anos. A irmã mas nova de Mainha tinha dez a mais que eu de modo que era mais prima que tia minha (até hoje é assim). Na rua em que hoje ela mora funcionava neste tempo um ginásio chamado: Apolo Academia ou ao contrario não lembro. Só lembro que era num primeiro andar e fui lá uma vez com ela e esse dia nunca mais saiu da minha cabeça. Ela levava-me pra tudo que é lugar e sobretudo quando ia a casa de um namorado que ela teve chamado Gustavo (acho que ela usava-me de álibi pra 

escapada pois me enchia de gelados e guloseimas e me fazia prometer que não contava a Vovô). Lembro que ela estava a fazer aeróbica com um monte de mulheres,sentei em uma das maquinas de

 musculação a sua espera e ouvi duas musicas que jamais saiu da minha historia. Uma virou uma das minhas também de adolescência. Tempo Perdido dos Legião Urbana.

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou mas tenho muito tempo, temos todo tempo do mundo”

É engraçado como esse episódio marcou. Nunca que, uma dessas duas musicas tocaram no rádio, num CD em alguma circunstancia ou em qualquer situação, que não fez-me  lembrar com nostalgia esse fim de tarde da minha infância como que a tentar lembrar-me que ainda “somos tão jovens”

2009

Hoje estou eu ginásio, duas décadas depois a viver algo que parecia estar reservado para um dia ser vivido. Ao sair do trabalho peço emprestado os fones do Caetano e ele prefere que eu leve o mp3 inteiro. 

Malhei uma hora a ouvir uma selecção pop maravilhosa e com a certeza que ninguém tinha algumas pérolas ali contidas num pedacinho de tecnologia igual ao que eu tinha no bolso. Já no final do treino, em cima da elíptica a movimentar braços e pernas no nível onze ouço entrar pelos ouvidos a introdução de Take On Me dos A-HÁ e minha cara se estampou de uma expressão nostálgica que muitos ali não perceberam. Quemolhasse pelos espelhos da sala não faziam ideia onde minha mente estava durante aqueles 4 minutos.

So needless to say i'm odds and ends but that's me stumbling away, slowly learning that life is ok, say after me: It's no better to be safe than sorry?”

Hoje, não foi uma ruga ou a sensação que o tempo estar a dar sinal que muitas águas já rolaram que me emocionou mas pelo facto de sentir-me como na primeira vez que ouvi essa musica. Vinte anos depois eu vivia o mesmo prazer em cima de outra maquina, com outro corpo, e com anos de acontecimentos e vivências que poderiam transformar esse momento tão simples dos meus tempos de menino em uma gota de agua numa vida chuvosa(graças a Deus) contudo continuo com os mesmos desejos e sentimentos e apesar de viver muitas coisas intensas dentro da alma a maior parte das vezes “I don't know what I'm to say”.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Problema seu!

Trabalho num restaurante metido a chic, não se fala alto, não se faz nada que chame a atenção do cliente, normalmente um empresário montado no dinheiro que tenha seu escritório ali pela Avenida de Liberdade, Embaixadores, figurões e a classe alta em geral vivem por lá. Normalmente quando acontece de um bêbado ou mendigo parar na porta, o gerente de forma educadíssima retira-o imediatamente sem que os clientes enxerguem, nunca o vi usar violência. Sábado por exemplo apareceu um que rapidamente subiu avenida acima sem tão-pouco ser notado pelos turistas alemães e espanhóis que passavam o feriado em Lisboa. Hoje, mal a sala começa a compor-se, entra uma senhora, seus oitenta e muitos anos, magrinha do olho bem azul, de chapeuzinho na cabeça e chapéu-de-chuva, gabardine azulinha e luvas, óculos e ar de muito frágil. Entrou e imediatamente sentou numa das cadeiras do hall de entrada. Minha colega foi lá ter com ela. Voltou trinta segundos depois a dizer que a senhora queria comer um pão e um copo de leite. Falou ao gerente o mesmo disse que ali ela não podia comer, que fizessem um galão e dessem três ou quatro pãezinhos do couvert com manteiga e queijo e ela que comesse na praça. Minha colega pede que eu vá avisa-la, eu passo a tarefa para outro colega e essa altura já meu coração estava cheio de uma coisinha que algumas vezes me dilacera de forma irreversível. O colega volta a dizer que ela ficou sem entender o porque de não poder comer ali. Mal ele acaba de me falar ela já estava frente a frente comigo. Eu tentei explicar mas ela parecia sofrer de Alzheimer, não falava coisa com coisa, queria um copo de leite, eu explicava que aquilo era um restaurante, ela pedia a carta…

Eu fui ao meu superior e expliquei a situação ele disse “RESOLVA”, apesar de estar no mais subalterno dos papeis tinha em minhas mãos, logo nas minhas uma tarefa que era dele o gerente. Tentei de todas as formas explicar a senhora, ate me ofereci a leva-la a um café ou pastelaria, ela achou que era um outro balcão ali mesmo, fomos ate o meio da sala, expliquei que era já na proxima esquina, ela volta pra trás, aquela mulher pequenina, quase um cristal a minha vista e com tanta força sobre mim. Minha colega chega com os pães dentro do saco e um copo de leite. Ela vai ao balcão. Pergunta para mim se pode comer. Meus colegas a observarem -me com desespero e a olharem para o “escritório” do chefe (o lugar onde ele costuma estar). Digo que infelizmente não mas que ela pode sentar num banco ali mesmo em frente em baixo de uma árvore. Nesse momento ela me olha séria e com a voz partida e diz-me num português riquíssimo e de forma aristocrata que aquilo é um completo disparate e que não tinha cabimento uma senhora como ela comer na rua. Pediu pra chamar o meu superior.

Um misto de alívio e dor me deu gana pra chegar ao tal sitio e cuspir quatro palavras sem nem olhar pra cara dele. ELA QUER FALAR CONTIGO. E me afastei. Ele chega com um sorriso nos dentes, como se não soubesse do que se passava, puxa uma cadeira da mesa, senta-a oferece uma carta, passa por mim diz para servir a senhora.

Ela tirou a gabardine, pois uns óculos mais estreitinhos e foi lendo devagar cada linha da ementa. Escolheu um risoto e bebeu água. Durante minhas idas a mesa falou-me que tinha família no Brasil, que adoraria conhecer minha terra, que nasceu numa terra em África com um nome de um santo homem que na hora eu nem se quer ouvir. Eu só queria uma explicação dos colegas. O porque desse mal entendido com a senhorinha. Ela não estava a pedir esmola e mesmo se sim, por Deus, ela era uma criatura indefesa. E a raiva de ter sobrado pra mim um papel que preferia não ter. Porque logo eu. Quando ela foi embora levei-a a porta com uma vontade enorme de chorar. Ela agradeceu ao gerente, deixou gorjeta e ao sair deu-me um aperto de mão, sorriu e acenou um adeus tão frágil e quebradiço quanto ela. Eu voltei pra sala puto com todo mundo e parece uma coisa, quando alguém faz uma besteira e o outro paga o pato, fica tentando explicar e remendar a situação, como aconteceu com meus dois colegas e eu só queria esquecer esse momento.

Talvez esta senhora e eu nunca saiamos da lembrança um do outro e pela mais injusta forma. Ela por talvez me ter como um insensível e eu por me ver preso a uma cadeia de poder onde é sempre o mais inferior que vai se fuder enquanto o verdadeiro algoz no último momento sorri oferece a cadeira e lucra com a situação.   

sábado, 11 de abril de 2009

Eu, Alice num país de “maravilhas”.




Todos sabem que eu tenho uma relação muito estreita com a vida nocturna, a boémia é um mal de família e a tendência para imprudência também. Quantas vezes enchi a cara, fiz a cabeça ou dei uma dilatada na mente? Talvez umas tantas quantas que se dividisse cada dia e os distribuísse em fins-de-semana o resultado seria que todos finais de semana eu me “coloquei”. E talvez uma necessidade inconsciente de estar em outros estados de espírito e viajar pra outros universos me conduzem a varias sensações que só sendo explicito demais para conseguir explicar. Ser explícito na Internet não é algo interessante por agora mas posso dizer que já sorri muito por besteiras, dancei muito, completamente alucinado pela batida de uma música, quase atingi o orgasmo com uma carícia no meio de uma pista de dança, já vi as luzes da discoteca cintilar e transformar o ambiente, salas em movimento, amigos com outras expressões e sem falar em quedas livres de balcões e estranhamente quase nenhum

 arrependimento. Na quinta-feira eu saindo do trabalho e um amigo, convida para uma cerveja, porque não? Apenas expliquei que meu saldo era negativo e ele, óbvio, disse que isso não seria o problema. Quando já eram dez da noite e muitas cervejas roladas decidimos ir a uma festa da qual tínhamos sido convidados e cujo anfitrião já algum tempo vinha querendo ficar comigo. A festa era noutra cidade, mais precisamente na Margem Sul do Tejo e a uns bons quilómetros de Lisboa e leia-se que estava sem um tostão. Fomos de comboio, ao chegar a estação mais próxima da tal quinta um carro veio nos apanhar, pelo caminho já havíamos apanhado também um outro amigo e quando dei por mim estávamos numa espécie de bar/discoteca numa sala privada com três grandes sofás e a sensação de ser uma espécie de atracão da festa pelo facto de todos os olhares estarem voltados pra nós. O tal anfitrião não saiu desta sala e não deixou faltar uísque em nossa mesa e quando o bar fechou as cinco e tantas, fomos directo para uma certa mansão que é famosa por festinhas after hours, continuamos a farra entre convidados a subirem já nus escadaria a cima e outros tantos apenas chapar na sala. Quando o sono (ou a desculpa pró sexo) apareceu em alguns já o sol estava alto e sobrou eu e um certo rapaz. Eu vestido e travado da cabeça aos pés. Ele descalço sem camisa e de calças jeans que estranhamente mesmo contrariando as leis da natureza me fez ficar excitado. Depois de muitas horas de música quando os outros convidados “acordaram” fizeram um churrasco no jardim da casa e eu as três da tarde, fui ao outro lado da casa onde ninguém me visse e fiz uma oração, por ser três horas da sexta-feira santa e por mais que não seja católico guardo resquícios dos tempos que fui e também porque pela primeira vez cheguei a pensar que

 aquilo tudo não me preenche como antes. Continuei na festa óbvio pois continuava numa casa enorme no meio do nada e não fazia ideia de como lá sair mas com a certeza de que não queria ver a noite chegar. Bobagem a minha. Para encurtar a história sai de lá eram dez da noite a contra gosto de todos pois estavam a planear voltarem para o tal bar/discoteca e depois

 voltarem a casa (creio que essa festa só acaba domingo), eu e meu amigo fomos conduzidos até a estação e exactamente vinte quatro horas depois estávamos nós no comboio de volta a Lisboa e só então lembrei que havia combinado com a minha mãe de ligar as três horas da tarde da sexta-

feira para desejar boa pascoa a família (que também estavam na farra de certeza absoluta), nesse momento tive um certo arrependimento, principalmente pelo vazio que na verdade essa

 festa me trouxe. Nesse país de maravilhas que essas noites oferecem à Alice, tudo é tão fictício, nada sobra depois que o efeito passa. Acho que cansei de fugir das coisas que realmente me trazem prazer mas que por medo de vive-las acabo por aboli-las da minha vida porque essas

 festas só trazem de contra indicação esse certo arrependimento ao passo que um amor verdadeiro, uma tarde no sofá com alguém especial, um fim-de-semana com vinte amigos na praia ou um almoço de pascoa em família acarreta em muitos outros pormenores sentimentais que eu enquanto Alice e covarde que sou,

 fujo. Eu, o coelhinho da pascoa, o coelhinho do relógio e eles somos todos igualzinhos a minha família. 

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Parcas

O mundo continua em evolução e coisas acontecem
algumas tecidas por Deus
Varias das outras coisas meus diabos que as tecem
pras dores e prazeres meus

Os caracóis dos meus cabelos cada dia aumentado
as unhas semanalmente encurtadas
Enquanto as tardes de sol vai me levando
eu vou na vereda em vez das estradas

Quero musicas boas pra alma e pros ouvidos
noticias de Londres, Suíça e Brasil
quero mais risos, beijos e abraços repartidos
quero revolução nesse nosso Abril

E que hajam cravos vermelhos nessa rua
estou descalço e não sinto frio
minha alma nesse tempo esta sempre nua
nem o corpo ensaia o arrepio

Eu não posso calar o que já subiu pra garganta
nem gritar o que me fez sofrer
mas posso esperar pois a paciência é uma santa
e ver o que será que eles vão me tecer