segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vinte e poucos anos...

1987/1988 Ou 1989

Eu devia ter uns quatro ou cinco anos. A irmã mas nova de Mainha tinha dez a mais que eu de modo que era mais prima que tia minha (até hoje é assim). Na rua em que hoje ela mora funcionava neste tempo um ginásio chamado: Apolo Academia ou ao contrario não lembro. Só lembro que era num primeiro andar e fui lá uma vez com ela e esse dia nunca mais saiu da minha cabeça. Ela levava-me pra tudo que é lugar e sobretudo quando ia a casa de um namorado que ela teve chamado Gustavo (acho que ela usava-me de álibi pra 

escapada pois me enchia de gelados e guloseimas e me fazia prometer que não contava a Vovô). Lembro que ela estava a fazer aeróbica com um monte de mulheres,sentei em uma das maquinas de

 musculação a sua espera e ouvi duas musicas que jamais saiu da minha historia. Uma virou uma das minhas também de adolescência. Tempo Perdido dos Legião Urbana.

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou mas tenho muito tempo, temos todo tempo do mundo”

É engraçado como esse episódio marcou. Nunca que, uma dessas duas musicas tocaram no rádio, num CD em alguma circunstancia ou em qualquer situação, que não fez-me  lembrar com nostalgia esse fim de tarde da minha infância como que a tentar lembrar-me que ainda “somos tão jovens”

2009

Hoje estou eu ginásio, duas décadas depois a viver algo que parecia estar reservado para um dia ser vivido. Ao sair do trabalho peço emprestado os fones do Caetano e ele prefere que eu leve o mp3 inteiro. 

Malhei uma hora a ouvir uma selecção pop maravilhosa e com a certeza que ninguém tinha algumas pérolas ali contidas num pedacinho de tecnologia igual ao que eu tinha no bolso. Já no final do treino, em cima da elíptica a movimentar braços e pernas no nível onze ouço entrar pelos ouvidos a introdução de Take On Me dos A-HÁ e minha cara se estampou de uma expressão nostálgica que muitos ali não perceberam. Quemolhasse pelos espelhos da sala não faziam ideia onde minha mente estava durante aqueles 4 minutos.

So needless to say i'm odds and ends but that's me stumbling away, slowly learning that life is ok, say after me: It's no better to be safe than sorry?”

Hoje, não foi uma ruga ou a sensação que o tempo estar a dar sinal que muitas águas já rolaram que me emocionou mas pelo facto de sentir-me como na primeira vez que ouvi essa musica. Vinte anos depois eu vivia o mesmo prazer em cima de outra maquina, com outro corpo, e com anos de acontecimentos e vivências que poderiam transformar esse momento tão simples dos meus tempos de menino em uma gota de agua numa vida chuvosa(graças a Deus) contudo continuo com os mesmos desejos e sentimentos e apesar de viver muitas coisas intensas dentro da alma a maior parte das vezes “I don't know what I'm to say”.


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