sábado, 11 de abril de 2009

Eu, Alice num país de “maravilhas”.




Todos sabem que eu tenho uma relação muito estreita com a vida nocturna, a boémia é um mal de família e a tendência para imprudência também. Quantas vezes enchi a cara, fiz a cabeça ou dei uma dilatada na mente? Talvez umas tantas quantas que se dividisse cada dia e os distribuísse em fins-de-semana o resultado seria que todos finais de semana eu me “coloquei”. E talvez uma necessidade inconsciente de estar em outros estados de espírito e viajar pra outros universos me conduzem a varias sensações que só sendo explicito demais para conseguir explicar. Ser explícito na Internet não é algo interessante por agora mas posso dizer que já sorri muito por besteiras, dancei muito, completamente alucinado pela batida de uma música, quase atingi o orgasmo com uma carícia no meio de uma pista de dança, já vi as luzes da discoteca cintilar e transformar o ambiente, salas em movimento, amigos com outras expressões e sem falar em quedas livres de balcões e estranhamente quase nenhum

 arrependimento. Na quinta-feira eu saindo do trabalho e um amigo, convida para uma cerveja, porque não? Apenas expliquei que meu saldo era negativo e ele, óbvio, disse que isso não seria o problema. Quando já eram dez da noite e muitas cervejas roladas decidimos ir a uma festa da qual tínhamos sido convidados e cujo anfitrião já algum tempo vinha querendo ficar comigo. A festa era noutra cidade, mais precisamente na Margem Sul do Tejo e a uns bons quilómetros de Lisboa e leia-se que estava sem um tostão. Fomos de comboio, ao chegar a estação mais próxima da tal quinta um carro veio nos apanhar, pelo caminho já havíamos apanhado também um outro amigo e quando dei por mim estávamos numa espécie de bar/discoteca numa sala privada com três grandes sofás e a sensação de ser uma espécie de atracão da festa pelo facto de todos os olhares estarem voltados pra nós. O tal anfitrião não saiu desta sala e não deixou faltar uísque em nossa mesa e quando o bar fechou as cinco e tantas, fomos directo para uma certa mansão que é famosa por festinhas after hours, continuamos a farra entre convidados a subirem já nus escadaria a cima e outros tantos apenas chapar na sala. Quando o sono (ou a desculpa pró sexo) apareceu em alguns já o sol estava alto e sobrou eu e um certo rapaz. Eu vestido e travado da cabeça aos pés. Ele descalço sem camisa e de calças jeans que estranhamente mesmo contrariando as leis da natureza me fez ficar excitado. Depois de muitas horas de música quando os outros convidados “acordaram” fizeram um churrasco no jardim da casa e eu as três da tarde, fui ao outro lado da casa onde ninguém me visse e fiz uma oração, por ser três horas da sexta-feira santa e por mais que não seja católico guardo resquícios dos tempos que fui e também porque pela primeira vez cheguei a pensar que

 aquilo tudo não me preenche como antes. Continuei na festa óbvio pois continuava numa casa enorme no meio do nada e não fazia ideia de como lá sair mas com a certeza de que não queria ver a noite chegar. Bobagem a minha. Para encurtar a história sai de lá eram dez da noite a contra gosto de todos pois estavam a planear voltarem para o tal bar/discoteca e depois

 voltarem a casa (creio que essa festa só acaba domingo), eu e meu amigo fomos conduzidos até a estação e exactamente vinte quatro horas depois estávamos nós no comboio de volta a Lisboa e só então lembrei que havia combinado com a minha mãe de ligar as três horas da tarde da sexta-

feira para desejar boa pascoa a família (que também estavam na farra de certeza absoluta), nesse momento tive um certo arrependimento, principalmente pelo vazio que na verdade essa

 festa me trouxe. Nesse país de maravilhas que essas noites oferecem à Alice, tudo é tão fictício, nada sobra depois que o efeito passa. Acho que cansei de fugir das coisas que realmente me trazem prazer mas que por medo de vive-las acabo por aboli-las da minha vida porque essas

 festas só trazem de contra indicação esse certo arrependimento ao passo que um amor verdadeiro, uma tarde no sofá com alguém especial, um fim-de-semana com vinte amigos na praia ou um almoço de pascoa em família acarreta em muitos outros pormenores sentimentais que eu enquanto Alice e covarde que sou,

 fujo. Eu, o coelhinho da pascoa, o coelhinho do relógio e eles somos todos igualzinhos a minha família. 

2 comentários:

Escort Boy disse...

Está demais... nao entendi o arrependimento... mas claro sao desabafos!!!

Anónimo disse...

Algo de forte tinha de acontecer, para voltares a escrever!

Boas escritas de regresso! Que "bacanesso"!

Um abraço, Jaimaço,
De um tal que há muito não te vê, mas que não esquece d'amizadê!