segunda-feira, 2 de junho de 2008

Despois da ressaca

Muitos falaram mal, a impressa criticou... meu amigos, conhecidos... porém depois de todo fim-de-semana, dois dias de rock in rio e ontem o bar da Vivi... hoje é minha vez de falar sobre ela.


Quando o show começou eu já estava louco, era show da Amy "tava" valendo. No palco viu-se o que todo mundo já falou. Atrofiada, sobe um peso enorme, plateia de respiração presa e os músicos em volta, com um olho nas notas outro na musa. A cantora de culto, magra, suja, feia e quase sem voz. Enquanto mais de 90 mil pessoas sofriam a cada escorregão, a cada vez que ela esquecia a letra ou qualquer outra coisa, eu viajava na cena do mito que se auto-destrói. Para mim é algo de sublime (e me perdoe a morbidez) existir nos dias de hoje um artista que enquanto as demais menininhas pousam de anjos do pop, numa época que a industria fonográfica cria verdadeiros personagens para vender não só a musica mas tudo a volta deles. A "menina" Amy já havia provado que tinha potencial artístico em geral, voz, presença, repertório, poesia e o caralho. O facto dela consumir o que quer que seja e fazer da vida dela o que bem quer, é única e exclusivamente problema dela. A culpa do circo dos horrores visto no Parque da Bela Vista é nosso em geral. De quem contratou, quem deixou vir, e quem foi assistir. Ela não pediu a ninguém para esperar 45 minutos ou o que seja. Eu desde a primeira musica paralisei na força dela. Para quem nunca subiu ao palco, talvez não saiba o quão difícil controlar os medos, os imprevistos e o pior, as reacções da plateia. Ela talvez não estava lúcida ao ponto de se preocupar tanto com isso, mas ninguém, por mais chapado que esteja, fica indiferente a 90 mil pessoas. Acompanhei a luta dela durante todo show e lavei a alma ao ver que mesmo com todo aquele universo conturbado ela começou e terminou o show. Na sua expressão rolava muito desespero, ela não conseguia por o microfone no pedestal, nem por a guitarra, esquecia a letra, mas não desistiu. Ela matou meu desejo de não ter visto Elis Regina em palco. O que vi na verdade foi uma mulher cheia de força, que talvez não aguente muito tempo ( Deus queria que ela continue contrariando) mas fica no meu Hall de pessoas extraordinárias que passam por aqui cheios de pressa, mostram que são superiores a esse mundo medíocre e depois vão pra onde talvez essas coisinhas não sejam importantes. Aquela noite fica para historia de quem odiou mas também fica para aqueles que sabem como pensa um artista e olha para os factos por um outro prisma. Ninguém tem compromisso com essa vida, nem vocês que não entendem isso, nem eu e muito mesmo... Ela.

1 comentário:

Wellvis disse...

Você não comenta no meu mas eu comento no seu (que tem verificação de palavras nos comentários só para foder a gente né? ahhh)

Bom, precisamos sentar a falar desse concerto da Amy. Gostei tbm, digamos que de uma forma mais lúcida que a sua rsss