quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nossa obrigação é denuciar?

Convivo a cerca de três meses cm ma rapariga que tem despertado em mim uma desconfiança incomoda. Nelson Rodrigues dizia que se todo mundo soubesse da vida sexual de todo mundo, não haveria amizade e muitas pessoas não se suportariam.
No Brasil trabalhei no UNICEF através de uma ONG feminista e guardo ainda hoje ideologias e pancadas desse tempo. Pois bem. Essa menina um dia não aparece no lugar onde costumo vê-la. No dia seguinte aparece com um penso na testa e diz que sofreu um acidente e caiu das escadas. Nesse dia eu fico com as antenas ligadas. Ela é um amor, era muito calada e depois de umas semanas já trocava ideias e demonstrava ser tranquila e pacifica porem algo me deixava angustiado. Quando estava de costas por exemplo e chamávamos pelo seu nome ela assustava-se com facilidade e isso não acontecia de vez em quando mas sim quase sempre. semana passada ela apareceu com alguns arranhões e hoje com o olho esquerdo muito vermelho, não quis analisar demais mas ela estava maquilhada, não de forma excessiva pois se tivesse que esconder um soco por exemplo, eu toparia rápido. Sei que pode ser viagem da minha cabeça mas manda a boa paranóia sadia que eu analise alguns factores.
Violência doméstica é um dos problemas mais difíceis de identificar sobretudo porque a vitima sofre na maioria das vezes calada e jamais denuncia o marido principal agressor nesses casos. O medo, a impotência diante de uma pessoa mais forte e violenta (como já demonstra com esses actos) e a submissão levam essas mulheres a calar e a usar desculpas muitas delas já conhecidas os acidentes são infinitos.
Minha duvida cresceu mais porque hoje quando a questionei sobre o olho ela foi pega de surpresa e só gaguejou:
_ Não sei, mas foi na rua vindo pra cá!

Ela foi categórica não num motivo para a irritação ocular mas para deixar claro que aconteceu na rua, como que a desviar qualquer suspeita de violência dentro de casa. Já conheci o marido dela, mostrou-se educado e cortês porem não consegui analisa-lo pois outra barreira nesses casos é que grande parte desses homens tem um comportamento absolutamente normal perante a sociedade.

Não sei o que fazer. Penso que posso estar vendo coisas onde não existe mas tenho medo de deixar passar e só a ideia de saber que uma covardia dessas estar a acontecer tão próximo de mim e põem em questão meu papel perante a sociedade. Já comentei com outros amigos. todos riem e não me levam a sério.

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